O envolvimento líder no planejamento estratégico começa desde as primeiras ações para criar o plano e permeia todas as suas etapas, como detalhamos no primeiro artigo. Mas ele não pode parar nesse ponto. Algo muito importante para se ter em mente é que o empreendedor, ou o principal executivo no caso de empresas maiores, chame para si a responsabilidade da coordenação da execução. Ele é quem deve garantir que as coisas aconteçam e dar condições para tal, por isso é indispensável que tenha poder de decisão e assuma a execução como fundamental para o futuro do negócio.
A figura do líder como ponto central da execução da estratégia é o foco de umas das maiores referências em gestão da atualidade, Ram Charan. Assim como Robert Kaplan e David Norton, ele é uma das influências sobre nosso trabalho na Triaxis. Por isso colhi pontos cruciais abordados por Ram Charan para orientar à boa execução sustentada pelo líder. Do livro Execução. A Disciplina Para Atingir Resultados, escrito por ele e Larry Bossidy, podemos destacar:
- A atividade mais importante de um líder é manter a disciplina da execução;
- Os melhores resultados vêm da capacidade de gerenciar de forma coordenada os processos de estratégia, gestão de pessoas e de operações;
- Os líderes não podem dar mais ênfase ao aspecto conceitual e intelectual da estratégia do que à sua implementação;
- Em uma cultura empresarial voltada à execução, os líderes elaboram as estratégias como roteiros, que indicam caminhos de forma clara, e não fórmulas a serem obedecidas a qualquer custo;
- Ao contrário do que alguns líderes insistem em afirmar, resultados abaixo do esperado estão mais frequentemente ligados à má execução do que a uma estratégia errada;
- Grandes ideias serão sempre inúteis se não forem traduzidas em passos concretos;
- A execução deve estar diretamente relacionada à remuneração e à bonificação das pessoas, uma vez que meritocracia é indispensável;
- O líder precisa focar no "o quê", "como" e "quem" e não ficar gerenciando tarefas e detalhes que podem ser delegados;
- A conversão de uma visão em tarefas específicas precisa estar entre as habilidades do líder, assim como escolher as pessoas certas para executar cada tarefa.

Líderes que não ficam restritos à indicação de caminhos e participam da execução têm mais chance de alcançar os objetivos previstos na estratégia.
Correções de rota
Além de liderar todo o processo, esse principal executivo precisa assegurar que a execução esteja adequada ao planejamento e aos recursos da empresa, inclusive quando houver necessidades de ajustes. Por exemplo, se o planejamento estratégico previu a compra de um equipamento de R$ 1 milhão, não se deve comprar um equipamento que custe três vezes mais sem antes validar com o líder, pois isso poderia comprometer outros objetivos e até mesmo toda a saúde financeira da empresa.Assim, as correções de rota precisam ser coordenadas pelo líder entre as diversas áreas da empresa. É ele quem vai garantir que os ajustes vão atender aos quatro critérios básicos de um bom planejamento estratégico, vistos no primeiro artigo que fiz sobre o assunto: consistência, consonância, vantagem competitiva e viabilidade.
Ram Charan defende que é possível enfrentar os problemas que afetam a execução do planejamento estratégico a partir de três elementos:
1) Comportamento do líder focado na execução: estabelecer metas, definir prioridades claras para sua equipe e garantir a conclusão do que foi planejado.
2) Mudança Cultural para focar na execução: construir uma cultura focada na execução, deixando claro para a equipe os resultados desejados, orientando e ajudando o time na obtenção desses resultados e atrelando os incentivos à sua obtenção.
3) Ter as pessoas certas no lugar certo: os líderes devem concentrar esforços na seleção e contratação de pessoas de qualidade para suas equipes, desenvolver novas lideranças e energizar as pessoas rumo à execução.
No livro, Ram Charan e Larry Bossidy falam ainda do papel do líder na integração dos três processos chave da execução: Estratégia, Pessoas e Operações. No modelo proposto por eles, o líder é a conexão entre os três processos, sendo o responsável pela construção da estratégia, pela alocação das pessoas certas e pela coordenação da execução, sendo responsável pela supervisão das atividades, interligação dos processos, revisão de resultados, trade-offs e orientação às pessoas.
Na nossa vivência, observamos que sempre que o empreendedor ou principal executivo assume o papel de comandar a execução, as chances das empresas alcançarem os objetivos previstos nas suas estratégias são maximizadas.
Com essas observações, encerro a série sobre planejamento estratégico. Espero ter ajudado todos que têm interesse em tornar suas empresas mais competitivas e bem sucedidas com esse importante instrumento.