Como um líder influencia no resultado do planejamento estratégico

15 de janeiro de 2018, postado por Haim Mesel

Ser um líder vai muito além de ter equipes sob sua responsabilidade. Se considerarmos o viés do planejamento estratégico, a liderança é a coluna de sustentação para que todas as etapas, em especial a execução, sejam bem-sucedidas. É por isso que este terceiro e último artigo da série sobre planejamento estratégico foca no líder e nos caminhos a seguir para que os objetivos almejados pela empresa não se percam na estrada.

O envolvimento líder no planejamento estratégico começa desde as primeiras ações para criar o plano e permeia todas as suas etapas, como detalhamos no primeiro artigo. Mas ele não pode parar nesse ponto. Algo muito importante para se ter em mente é que o empreendedor, ou o principal executivo no caso de empresas maiores, chame para si a responsabilidade da coordenação da execução. Ele é quem deve garantir que as coisas aconteçam e dar condições para tal, por isso é indispensável que tenha poder de decisão e assuma a execução como fundamental para o futuro do negócio.

A figura do líder como ponto central da execução da estratégia é o foco de umas das maiores referências em gestão da atualidade, Ram Charan. Assim como Robert Kaplan e David Norton, ele é uma das influências sobre nosso trabalho na Triaxis. Por isso colhi pontos cruciais abordados por Ram Charan para orientar à boa execução sustentada pelo líder. Do livro Execução. A Disciplina Para Atingir Resultados, escrito por ele e Larry Bossidy, podemos destacar:
  • A atividade mais importante de um líder é manter a disciplina da execução;
  • Os melhores resultados vêm da capacidade de gerenciar de forma coordenada os processos de estratégia, gestão de pessoas e de operações;
  • Os líderes não podem dar mais ênfase ao aspecto conceitual e intelectual da estratégia do que à sua implementação;
  • Em uma cultura empresarial voltada à execução, os líderes elaboram as estratégias como roteiros, que indicam caminhos de forma clara, e não fórmulas a serem obedecidas a qualquer custo;
  • Ao contrário do que alguns líderes insistem em afirmar, resultados abaixo do esperado estão mais frequentemente ligados à má execução do que a uma estratégia errada;
  • Grandes ideias serão sempre inúteis se não forem traduzidas em passos concretos;
  • A execução deve estar diretamente relacionada à remuneração e à bonificação das pessoas, uma vez que meritocracia é indispensável;
  • O líder precisa focar no "o quê", "como" e "quem" e não ficar gerenciando tarefas e detalhes que podem ser delegados;
  • A conversão de uma visão em tarefas específicas precisa estar entre as habilidades do líder, assim como escolher as pessoas certas para executar cada tarefa.

Líderes que não ficam restritos à indicação de caminhos e participam da execução têm mais chance de alcançar os objetivos previstos na estratégia.

Correções de rota

Além de liderar todo o processo, esse principal executivo precisa assegurar que a execução esteja adequada ao planejamento e aos recursos da empresa, inclusive quando houver necessidades de ajustes. Por exemplo, se o planejamento estratégico previu a compra de um equipamento de R$ 1 milhão, não se deve comprar um equipamento que custe três vezes mais sem antes validar com o líder, pois isso poderia comprometer outros objetivos e até mesmo toda a saúde financeira da empresa.

Assim, as correções de rota precisam ser coordenadas pelo líder entre as diversas áreas da empresa. É ele quem vai garantir que os ajustes vão atender aos quatro critérios básicos de um bom planejamento estratégico, vistos no primeiro artigo que fiz sobre o assunto: consistência, consonância, vantagem competitiva e viabilidade.

Ram Charan defende que é possível enfrentar os problemas que afetam a execução do planejamento estratégico a partir de três elementos:

1) Comportamento do líder focado na execução: estabelecer metas, definir prioridades claras para sua equipe e garantir a conclusão do que foi planejado.

2) Mudança Cultural para focar na execução: construir uma cultura focada na execução, deixando claro para a equipe os resultados desejados, orientando e ajudando o time na obtenção desses resultados e atrelando os incentivos à sua obtenção.

3) Ter as pessoas certas no lugar certo: os líderes devem concentrar esforços na seleção e contratação de pessoas de qualidade para suas equipes, desenvolver novas lideranças e energizar as pessoas rumo à execução.

No livro, Ram Charan e Larry Bossidy falam ainda do papel do líder na integração dos três processos chave da execução: Estratégia, Pessoas e Operações. No modelo proposto por eles, o líder é a conexão entre os três processos, sendo o responsável pela construção da estratégia, pela alocação das pessoas certas e pela coordenação da execução, sendo responsável pela supervisão das atividades, interligação dos processos, revisão de resultados, trade-offs e orientação às pessoas.

Na nossa vivência, observamos que sempre que o empreendedor ou principal executivo assume o papel de comandar a execução, as chances das empresas alcançarem os objetivos previstos nas suas estratégias são maximizadas.

Com essas observações, encerro a série sobre planejamento estratégico. Espero ter ajudado todos que têm interesse em tornar suas empresas mais competitivas e bem sucedidas com esse importante instrumento.
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